quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Semana boa entre as quimios

Esta é uma das semanas que tenho entre uma sessão e outra de quimio. Costumo chamar de "a semana boa", dá para imaginar que a outra semana seja a ruim. Pode ter certeza que é assim mesmo.
Desde a primeira dose de remédios tento de todo jeito me convencer que a quimioterapia é algo bom, que é para o meu bem e na verdade é mesmo. Só que não dá, sempre penso nela como um veneno que me deixa acabada, depressiva  com dores e com tendencia a explodir de raiva. Minha sorte é que quem me ajuda sabe que isso dura alguns dias, então cada vez mais percebo uma certa tendencia a não perceberem meu estado emocional, não levando muito em conta meus comentários ácidos.
Uma das coisas que sinto que o câncer me tirou foi o direito de tomar decisões. O médico te diz que o protocolo é aquele para o teu tipo de tumor e não existem opções e aí começa todos os procedimentos dolorosos (sinto ter de falar desta forma, mas para aqueles que vão iniciar seus tratamentos sempre é melhor estarem preparados), que você é obrigado, e de preferencia sorrindo, a realizar. Sabe sou do tipo de paciente chata, que pesquisa sobre a doença e gosta de discutir com o médico, detesto quando não posso fazer isso e pelo visto a oncologia é um tipo que especialidade tão acima dos conhecimentos dos outros mortais que apenas o especialista sabe o que é melhor (o comentário foi ácido, eu sei, e olha que é a semana boa).
Muitas pessoas tem tentado me ajudar a manter minha paz de espirito. Minha boa amiga Claudia indicou a meditação, inclusive descobri que além da medição budista, existe também a católica, por visualização e outras coisas assim, mas todas se baseiam no controle da respiração pelo que entendi. Pois bem tentei, devo aqui dizer que falhei miseravelmente, toda vez que tento concentrar meus pensamentos ficam indo de uma coisa para outra, parece um macaco pulando de galho-em-galho. Algo que tem me ajudado foi um presente da minha mãe postiça, a Inês, que enviou, acho que sem exagero, uns 100 romances daqueles Julia, Sabrina, Barbara e outros tantos, com certeza não é um tipo de leitura de grandes reflexões, mas ajuda a passar o tempo, fora que o final é sempre feliz (no momento tá ótimo).
Também são nestas semanas que faço mais atividades. Nos últimos dias tenho pintado várias telas e não vejo a hora de poder passear um pouco para comprar materiais para outros projetos, mas não para de chover, então vou levando com o que tenho em casa, que não é pouca coisa, mas nunca o suficiente. Mas o que mais faço é aproveitar meu filho, não tem nada melhor que ficar no sofá com ele comendo pipoca ou dar uma volta por aí com a mãozinha dele na minha.
Tenho sorte de ter estes dias para respirar, alguns pacientes fazendo aplicações toda a semana, é a lembrança deles que me acalmam quando as coisas estão muito ruins. Afinal não tenho escolha, desistir não é uma opção.
Abraços

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