Logo que descobri o linfoma, tive uma grata surpresa: a grande quantidade de pessoas que de várias formas mostraram que eu podia contar com elas neste momento. Devo dizer que isto e outras coisas que tem acontecido tem mudado minha maneira de ver a vida e para melhor.
Uma destas pessoas, minha boa amiga Claudia que tentou me ajudar com dicas sobre meditação, também me ofertou um grande presente, o livro Anticâncer de David Servan-Schreiber. Não vou comentar sobre este livro para fazer propaganda, apenas é mais uma das minha ideias de que se algo me ajudou, também pode ajudar outras pessoas.
Bem, a história é sobre o doutor David, que é um psiquiatra francês que estava realizando experiências sobre funções cerebrais em um aparelho de ressonância magnética, e na falta de uma de suas "cobaias", resolveu ser ele uma delas. Qual não foi a surpresa ao descobrir durante o exame que ele possuía um tumor no cérebro. Logo de inicio já achei a história parecida com a minha, pois também descobri meu câncer durante um exame que não tinha nada a ver com a doença.
Durante todo o livro ele conta sobre a sua vida e principalmente sobre o tratamento, inclusive esclarecendo muitas dúvidas que eu tinha sobre a quimioterapia e a radio. Mas justamente o que tornou, segundo algumas pesquisas que fiz, este um dos livros mais vendidos, foi o fato dele falar sobre como alguém que esta com uma doença tão angustiante pode ser o autor do seu tratamento, não que em algum momento ele fale para as pessoas abandonarem os tratamentos convencionais, mas ele traz muitas ideias sobre mudanças de alimentação, exercícios físicos e outras coisas que só quem ler vai saber. Pode ter certeza que adorei esta parte e até tento seguir algumas teorias que considerei interessantes, só que, não foi a parte que mais gostei.
O que adorei na história, foram os relatos sobre pacientes com câncer e de que modo eles compreenderam que a doença também poderia ser uma oportunidade de mudança. Quem estar lendo neste momento, vai pensar, então todas as pessoas que são mostradas no livro estão vivas e felizes, ao seguirem o milagroso tratamento do doutor David? Bem, sinto informar que a resposta é NÃO. Não sei neste momento, mas muitas morreram enquanto ele escrevia o livro. E por que achei que foi a melhor parte? Justamente porque elas morreram com dignidade, resolveram suas vidas e partiram em paz.
A morte, foi justamente um dos principais assuntos que tive que avaliar quando descobri o câncer Afinal conheço pouquíssimas pessoas que pensem sobre o assunto em boa parte de suas vidas, se pensam, não admitem publicamente. Mas a morte, como muitos falam "é a única certeza da vida". Não é engraçado, então que tenhamos tão pouco a dizer sobre ela?
São apenas algumas considerações. O que posso dizer é que o livro me fez pensar sobre vários assuntos que sempre me deram muito medo: doença, solidão, não ser suficientemente boa, como trato meu corpo, como me relaciono com as pessoas que me são queridas e principalmente se a morte chegasse derrepentemente eu encontraria ela de que forma?
Ainda, outro ponto que considerei muito importante, foi o de que pessoas que conseguem resolver estas questões e não desistem, mesmo quando as chances são pequenas, são as que possuem mais vitórias contra a doença.
Como tenho dito: não vou desistir, não tenho esta opção!
Abraços
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